Foi-se o tempo da parteira
E do curado de cobra
Da qualidade que sobra
Das rezas da rezadeira
Daquela sortida feira
Que de tudo se achava
Sacos com feijão e fava
Com suas bocas abertas
Donas de casa espertas
Que pra comprar pechinchava
Foi-se o tempo do cangaço
Dominando a caatinga
Beber água da moringa
Pra amenizar o mormaço
Do rangido do chumaço
Dos carros-de-boi cantando
Os bois pacientes levando
Com força e com empenho
A cana para o engenho
Esse moendo e criando
Foi-se o tempo em que a criança
Lá no terreiro brincava
Seu belo pião rodava
Como os passos de uma dança
Da verdadeira festança
Nas noites de São João
Que animavam o sertão
E enriqueciam a cultura
Enaltecendo a candura
Do Nordeste essa nação
Foi-se na foice do tempo
Trespassada sem piedade
E toda a modernidade
Transformou em contratempo
Num infeliz antetempo
Tudo está quase esquecido
Quem a tudo foi vivido
Fica só com a saudade
Foi-se a felicidade
Vem-se um coração ferido.
Junior Fernandes
Junior Fernandes
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